CRISTINA VILLAÇA
TERAPIA COMUNITÁRIA
A Terapia Comunitária, como prática social sistêmica, foi proposta pelo professor Adalberto Barreto e nasceu da demanda de uma população carente, em meados da década de 1980.
Adalberto Barreto começou o seu trabalho na favela de Pirambu, em Fortaleza, Ceará, ao voltar ao Brasil após inúmeros estudos em Filosofia, Antropologia e Teologia, com a provisão teórica para sonhar com a construção de um mundo feito a partir da dignidade dos oprimidos.
Ele estruturou um método baseado não na carência e sim, na competência, em que a resposta não vem de fora, dada pelos especialistas, mas da reunião de pessoas que têm algo em comum e se encontram para trabalhar suas competências. Ele acredita que é importante para o grupo encontrar a capacidade de construir suas próprias soluções; o remédio é a palavra. Através do encontro de Terapia Comunitária, o grupo descobre que outras pessoas já passaram por situação similar e o que elas fizeram ou têm feito para resolver, lidar com eles. Assim, através da identificação com os mesmos problemas, criam-se redes sociais solidárias.
A Terapia Comunitária tem seu desenho próprio, dividido em etapas de duração definida. É uma prática que requer rigor no cumprimento de tais etapas e no cuidado com o tempo. Também incentiva o lúdico na medida em que propõe brincadeiras na etapa do aquecimento ou, em qualquer momento, em que algum participante sugira ditados, provérbios e canções que tratem do tema que está sendo comentado pelo grupo, construindo uma linguagem própria, caracterizada como um espaço de reflexão e criação de novos significados.
(- “Por que é importante cuidar dos que cuidam: Terapia Comunitária para terapeutas”- Cristina Villaça, Gizele Bakman e Helena Júlia Monte. Revista Nova Perspectiva Sistêmica, n.37, agosto de 2010.)